segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Eis que eu vim para fazer a tua vontade

Esse é um versículo do Salmo 40, que o autor da Carta aos Hebreus coloca nos lábios do filho de Deus, em diálogo com o Pai. O autor quer ressaltar, desse modo, o amor com que o Filho de Deus, em diálogo se fez homem para realizar a obra da redenção, em obediência à vontade do Pai.
São palavras que fazem parte de um contexto no qual o autor quer demonstrar a infinita superioridade do sacrifício de Jesus em relação aos sacrifícios da antiga Lei. Contrariamente a esses últimos, nos quais se ofereciam a Deus, como vítimas, animais ou outras coisas sempre externas ao homem, Jesus, movido por um imenso amor, ofereceu ao Pai, durante a sua vida terrena, a própria vontade, toda a sua pessoa.

“Eis que eu vim para fazer a tua vontade”

Essa Palavra nos oferece a chave de leitura da vida de Jesus, ajudando-nos a captar o seu aspecto mais profundo e o fio de ouro que une todas as etapas de sua vida na terra: a infância, a vida oculta, as tentações, as escolhas, a atividade pública, até chegar à morte na cruz. Em cada instante, em todas as situações, Jesus buscou um única coisa: nada fora dela e rejeitando até mesmo as propostas mais sugestivas que não estivessem em pleno acordo com aquela vontade.

“Eis que eu vim para fazer a tua vontade”

Por essa palavra, podemos compreender a grande lição para a qual apontava toda a vida de Jesus, ou seja, que a coisa mais importante é fazer não a nossa vontade, mas a do Pai, que é tornarmo-nos capazes de dizer não a nós mesmos para dizer sim a Ele.
O verdadeiro amor a Deus não consiste nas palavras bonitas, nas belas ideias e sentimentos, mas na obediência efetiva aos seus mandamentos. O sacrifício de louvor que Ele espera de nós é a oferta amorosa, feita a Ele, daquilo que temos de mais íntimo, daquilo que mais nos pertence: a nossa vontade.

“Eis que eu vim para fazer a tua vontade”

Como podemos então vivenciar? Também essa é uma das palavras que mais coloca em evidência o aspecto contracorrente do evangelho, pelo fato de se opor á nossa tendência arraigada, que é procurar a nossa vontade, seguir os nossos instintos e os nossos sentimentos.
Essa Palavra é também uma das mais chocantes para o homem moderno. Vivemos na época da exaltação do eu, da autonomia da pessoa, da liberdade como fim em si, da autossatisfação como realização do indivíduo, do prazer considerado como critério das próprias escolhas e como segredo da felicidade. Mas sabemos também as consequências desastrosas que ocorrem desse tipo de cultura.
Pois bem. A essa cultura, baseada na busca as própria vontade, contrapõe-se a de Jesus, totalmente orientada ao cumprimento da vontade de Deus, com os efeitos maravilhosos que Ele nos garante.
Portanto, procuraremos viver a Palavra escolhendo, também nós, a vontade do Pai, ou seja, fazendo dela, como Jesus fez, a norma e o princípio motor de toda a nossa vida.
Assim nos lançaremos numa divina aventura, pela qual seremos eternamente gratos a Deus. Por meio dela nos santificaremos e irradiaremos o amor de Deus em muitos corações.



Texto de: Chiara Lubich
Publicada em dezembro de 1991 pela revista Cidade Nova

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